terça-feira, 29 de setembro de 2009

Enquadramento Físico-Geográfico da cidade do Sumbe

INTRODUÇÃO

A cartografia geomorfológica consiste na aplicação dos conhecimentos e métodos cartográficos à Geomorfologia para a execução das tarefas de mapeamento, representação gráfica do terreno e interpretação do comportamento geral da superfície terrestre.

A geração e utilização de Modelos Digitais de Terreno integrados a Sistemas de Informações Geográficas (SIG'S) e técnicas de modelamentos são ferramentas extremamente úteis na caracterização morfológica deste meio. Estes trabalhos versam sobre a utilização de Modelos Digitais de Terreno em Geografia, Geologia, Agronomia, Arquitectura, etc., mais precisamente na modelagem de dados altimétricos, onde cada um a sua maneira procura associar as feições morfológicas do terreno

Neste preciso contexto o trabalho tem por objectivo à geração e análise de modelos altimétricos tridimensionais, da região do Sumbe com base em cartas topográficas, para a caracterização morfológica desta área, o qual possibilitará mediante novos levantamentos, uma futura análise temporal dos processos de erosão e sedimentação nesta região, na selecção de áreas de uso dos solos, implantação de infra-estruturas etc.

Este trabalho baseou-se fundamentalmente no processamento dos dados para a construção de modelos digitais que explicam claramente a influência significativa do relevo da cidade do Sumbe nas actividades agrícolas que em última análise se reflecte na intensificação das actividades erosivas agravadas pelas condições pedoclimáticas.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO

O município do Sumbe é naturalmente delimitado a Norte pelo curso inferior do rio Queve, a Sul curso inferior do rio Balombo e a Oeste pelo Oceano Atlântico. A Este tem o limite convencional com o município da Conda na aldeia da Cassonga.

O município do Sumbe segundo a classificação climática de Koppen engloba-se na faixa de clima tropical quente e semi-árido que caracteriza a aplanação litoral do centro de Angola. Em função da sua localização geográfica, as condições de aridez são muito acentuadas chegando mesmo a ser considerada uma região com características de clima árido se considerarmos outros parâmetros, devido à forte evapotranspiração potencial e real que se observa nesta região e à influência, de certa forma, da corrente fria de Benguela.

De acordo a sua eficiência térmica, os valores médios anuais da temperatura do ar variam entre os 22ºC e 24ºC, sendo por isso considerado o predomínio de um clima megatérmico. A estação das chuvas é de cerca de seis meses (Novembro à Abril), variando as precipitações entre os 300mm e 400mm., sendo Março o mês mais pluvioso, e Dezembro e Janeiro os meses de menor precipitação, verificando-se normalmente neste último mês um período seco (pequeno cacimbo). A estação chuvosa coincide com o período mais quente do ano, com um máximo em Março ou Abril (temperatura média diária 26-27ºC); os meses mais frios são Julho e Agosto (temperatura média diária 20-21ºC).

As oscilações médias diárias da temperatura são sensivelmente uniformes ao longo do ano, sendo que a sua amplitude térmica diurna apresenta valores iguais ou inferiores a 10 o que lhe confere uma característica de clima oceânico.

Nos valores médios da humidade relativa observa-se uma variação muito pronunciada sendo que o valor mais alto se encontra entre 75 e 85% chegando a observar-se valores mínimos entre 35 e 45%, sendo mínima a amplitude entre a média dos valores do período chuvoso e os do período seco.

De uma forma geral podemos dizer que na classificação racional de Thornthwaite o clima é semi-árido (D) a árido (E), megatérmico, e na classificação de Köppen é do tipo BSh' (clima seco, de estepe, muito quente).

A economia da zona fundamenta-se essencialmente na actividade pesqueira e agropecuária em pequena escala, em especial no milheiro, batata e horticultura assim como a exploração do gado bovino e caprino, que nos últimos anos tem sofrido considerável evolução, em resultado não só do alargamento das áreas de exploração, mas também em consequência do abandono dos métodos tradicionais de cultivo, encaminhando-se decididamente para uma cultura baseada na mecanização, seja no respeitante às operações de cultivo. Todavia, dois importantes problemas afectam sobremaneira os resultados desta exploração. O primeiro relaciona-se directamente com a escassez e variabilidade das precipitações, de tal modo que, em anos de insuficiência ou má distribuição das chuvas, as produções caem verticalmente, enquanto noutros os seus quantitativos são plenamente aceitáveis, atendendo ao regime de sequeiro usualmente praticado. Tal contingência, todavia, poderá ser anulada vantajosamente em relação a algumas extensas áreas, dada a possibilidade de poderem ser envolvidas por esquemas de regadio. O outro problema diz respeito à defesa dos solos contra a erosão, em face da susceptibilidade que as terras manifestam em relação ao fenómeno, mesmo em superfícies de suaves declives. Tratando-se de solos que recentemente foram submetidos à utilização agrícola, tal problema reveste-se de extrema acuidade.

Do ponto de vista fisiográfico, o município do Sumbe é parte integrante da peneplanície litoral de Angola, que, com uma profundidade variável, se estende ao longo da costa atlântica. Precisamente a faixa norte corresponde, sensivelmente, à sua largura máxima, por coincidir também com o máximo desenvolvimento da Bacia Sedimentar do Queve.

Esta peneplanície, que constitui uma unidade geomorfológica bem definida envolve não só as formações sedimentares, de idades compreendidas entre o Cretácico inferior e o Plistocénico (aplanação litoral) mas também as rochas do maciço Antigo (aplanação sub-litorânea).

Dentro da aplanação geral da superfície, poderão contudo observar-se diversas formas e tipos de relevo, de acordo com os diferentes materiais litológicos que aí ocorrem. Assim, é ondulado, com frequência miudamente ondulado, ao longo da faixa periférica interior (Nordeste, Este e Sudeste) em correspondência com as formações granito-gnássicas do Complexo de Base, e ainda com certos materiais margoso mais ou menos brandos do Cretácico. O relevo torna-se bastante irregular, alternando as superfícies aplanadas de menor cota com outras expressivamente dobradas ou, ainda, com plataformas residuais, no que respeita às formações calcárias do Cretácico superior e do Eocénico. Esta morfologia está em nítido contraste com as planuras largamente onduladas do Oligo-Miocénico, quando em correspondência com afloramentos de argilas e margas gipsíferas.

O relevo junto a costa é profundamente ravinado, sobretudo quando atingem as formações de materiais brandos do Oligo-Miocénico de margas e argilas, contrastando com os estratos de rocha calcária que terminam aí em arribas pronunciadas, onde chegam a marcar desníveis próximos da centena de metros.

Na periferia interior da peneplanície erguem-se alterosos montes-ilha, formas de relevo residuais desgarradas da superfície de escarpa que lhes fica próxima, e que se formaram mercê do seu recuo gradual.

A peneplanície litorânea é bastante recortada por linhas de água secas, que apenas transportam caudais quando sobrevêm fortes e prolongadas chuvadas, principalmente no rigor da época chuvosa.

O rio N'Gunza ou simplesmente Cambongo, apenas deu origem a reduzidas ou mesmo insignificantes orlas de aluviões, em virtude de, quase até à foz, circular através de plataformas de calcários duros que retalharam profundamente.

1 comentário:

  1. Israel,

    Belo texto sobre o local, consegui tirar muitas dúvidas sobre a região!

    Se puder, me adicione no MSN, enviei o meu e-mail para o seu.

    Obrigado!

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