terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

FACTORES, PROCESSOS E EFEITOS DA DEGRADAÇÃO DO SOLO

O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para as actividades humanas e para os resíduos produzidos. Neste sentido, a Degradação é diminuição da capacidade do solo – presente e futura – em produzir bens e serviços (PNUMA, 1988).
A degradação do solo põe advir de vários fenómenos:
Þ   erosão ou desertificação do solo
Þ   utilização de tecnologias inadequadas;
Þ   falta de práticas de conservação de água no solo;
Þ   destruição da cobertura vegetal, nomeadamente para a expansão urbana.

Um solo se degrada quando são modificadas as suas características físicas, químicas e biológicas. O desgaste pode ser provocado por esgotamento, erosão, salinização, compactação e desertificação. A utilização dos solos para o fornecimento de produtos agrícolas, por exemplo, não pode ser do mesmo tipo para todas as regiões angolanas. Para cada uma, há um conjunto de factores que devem ser devidamente analisados, para que os terrenos proporcionem uma maior produtividade.
Dentro do amplo conceito de degradação dos solos, podemos distinguir alguns tipos:
  • Degradação da Fertilidade: é a diminuição de capacidade do solo de suportar e manter vida. São produzidas modificações comprometedoras em suas capacidades físicas, químicas, fisicoquímicas e biológicas, que a conduzem a sua degradação.
Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a capacidade de produção não será a mesma de um solo não degradado. Isso pode ser ocasionado por factores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica).
  • Erosão: é a destruição física das estruturas do solo e seu carregamento é feito, em geral, pela água (erosão hídrica) e ventos (erosão eólica).
O processo de erosão mais grave é o causado pelas actividades do ser humano (erosão antropogénica), que apresenta um desenvolvimento muito rápido, se comparado com a erosão natural. Além disso, a erosão natural é muito benéfica para a fertilidade do solo.
  • Degradação por Contaminação: A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afectada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública.
O uso da terra para centros urbanos, para actividades agrícolas, pecuária e industrial tem tido como consequência elevados níveis de contaminação. De facto, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades, etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas e rurais.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Enquadramento Físico-Geográfico da cidade do Sumbe

INTRODUÇÃO

A cartografia geomorfológica consiste na aplicação dos conhecimentos e métodos cartográficos à Geomorfologia para a execução das tarefas de mapeamento, representação gráfica do terreno e interpretação do comportamento geral da superfície terrestre.

A geração e utilização de Modelos Digitais de Terreno integrados a Sistemas de Informações Geográficas (SIG'S) e técnicas de modelamentos são ferramentas extremamente úteis na caracterização morfológica deste meio. Estes trabalhos versam sobre a utilização de Modelos Digitais de Terreno em Geografia, Geologia, Agronomia, Arquitectura, etc., mais precisamente na modelagem de dados altimétricos, onde cada um a sua maneira procura associar as feições morfológicas do terreno

Neste preciso contexto o trabalho tem por objectivo à geração e análise de modelos altimétricos tridimensionais, da região do Sumbe com base em cartas topográficas, para a caracterização morfológica desta área, o qual possibilitará mediante novos levantamentos, uma futura análise temporal dos processos de erosão e sedimentação nesta região, na selecção de áreas de uso dos solos, implantação de infra-estruturas etc.

Este trabalho baseou-se fundamentalmente no processamento dos dados para a construção de modelos digitais que explicam claramente a influência significativa do relevo da cidade do Sumbe nas actividades agrícolas que em última análise se reflecte na intensificação das actividades erosivas agravadas pelas condições pedoclimáticas.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO

O município do Sumbe é naturalmente delimitado a Norte pelo curso inferior do rio Queve, a Sul curso inferior do rio Balombo e a Oeste pelo Oceano Atlântico. A Este tem o limite convencional com o município da Conda na aldeia da Cassonga.

O município do Sumbe segundo a classificação climática de Koppen engloba-se na faixa de clima tropical quente e semi-árido que caracteriza a aplanação litoral do centro de Angola. Em função da sua localização geográfica, as condições de aridez são muito acentuadas chegando mesmo a ser considerada uma região com características de clima árido se considerarmos outros parâmetros, devido à forte evapotranspiração potencial e real que se observa nesta região e à influência, de certa forma, da corrente fria de Benguela.

De acordo a sua eficiência térmica, os valores médios anuais da temperatura do ar variam entre os 22ºC e 24ºC, sendo por isso considerado o predomínio de um clima megatérmico. A estação das chuvas é de cerca de seis meses (Novembro à Abril), variando as precipitações entre os 300mm e 400mm., sendo Março o mês mais pluvioso, e Dezembro e Janeiro os meses de menor precipitação, verificando-se normalmente neste último mês um período seco (pequeno cacimbo). A estação chuvosa coincide com o período mais quente do ano, com um máximo em Março ou Abril (temperatura média diária 26-27ºC); os meses mais frios são Julho e Agosto (temperatura média diária 20-21ºC).

As oscilações médias diárias da temperatura são sensivelmente uniformes ao longo do ano, sendo que a sua amplitude térmica diurna apresenta valores iguais ou inferiores a 10 o que lhe confere uma característica de clima oceânico.

Nos valores médios da humidade relativa observa-se uma variação muito pronunciada sendo que o valor mais alto se encontra entre 75 e 85% chegando a observar-se valores mínimos entre 35 e 45%, sendo mínima a amplitude entre a média dos valores do período chuvoso e os do período seco.

De uma forma geral podemos dizer que na classificação racional de Thornthwaite o clima é semi-árido (D) a árido (E), megatérmico, e na classificação de Köppen é do tipo BSh' (clima seco, de estepe, muito quente).

A economia da zona fundamenta-se essencialmente na actividade pesqueira e agropecuária em pequena escala, em especial no milheiro, batata e horticultura assim como a exploração do gado bovino e caprino, que nos últimos anos tem sofrido considerável evolução, em resultado não só do alargamento das áreas de exploração, mas também em consequência do abandono dos métodos tradicionais de cultivo, encaminhando-se decididamente para uma cultura baseada na mecanização, seja no respeitante às operações de cultivo. Todavia, dois importantes problemas afectam sobremaneira os resultados desta exploração. O primeiro relaciona-se directamente com a escassez e variabilidade das precipitações, de tal modo que, em anos de insuficiência ou má distribuição das chuvas, as produções caem verticalmente, enquanto noutros os seus quantitativos são plenamente aceitáveis, atendendo ao regime de sequeiro usualmente praticado. Tal contingência, todavia, poderá ser anulada vantajosamente em relação a algumas extensas áreas, dada a possibilidade de poderem ser envolvidas por esquemas de regadio. O outro problema diz respeito à defesa dos solos contra a erosão, em face da susceptibilidade que as terras manifestam em relação ao fenómeno, mesmo em superfícies de suaves declives. Tratando-se de solos que recentemente foram submetidos à utilização agrícola, tal problema reveste-se de extrema acuidade.

Do ponto de vista fisiográfico, o município do Sumbe é parte integrante da peneplanície litoral de Angola, que, com uma profundidade variável, se estende ao longo da costa atlântica. Precisamente a faixa norte corresponde, sensivelmente, à sua largura máxima, por coincidir também com o máximo desenvolvimento da Bacia Sedimentar do Queve.

Esta peneplanície, que constitui uma unidade geomorfológica bem definida envolve não só as formações sedimentares, de idades compreendidas entre o Cretácico inferior e o Plistocénico (aplanação litoral) mas também as rochas do maciço Antigo (aplanação sub-litorânea).

Dentro da aplanação geral da superfície, poderão contudo observar-se diversas formas e tipos de relevo, de acordo com os diferentes materiais litológicos que aí ocorrem. Assim, é ondulado, com frequência miudamente ondulado, ao longo da faixa periférica interior (Nordeste, Este e Sudeste) em correspondência com as formações granito-gnássicas do Complexo de Base, e ainda com certos materiais margoso mais ou menos brandos do Cretácico. O relevo torna-se bastante irregular, alternando as superfícies aplanadas de menor cota com outras expressivamente dobradas ou, ainda, com plataformas residuais, no que respeita às formações calcárias do Cretácico superior e do Eocénico. Esta morfologia está em nítido contraste com as planuras largamente onduladas do Oligo-Miocénico, quando em correspondência com afloramentos de argilas e margas gipsíferas.

O relevo junto a costa é profundamente ravinado, sobretudo quando atingem as formações de materiais brandos do Oligo-Miocénico de margas e argilas, contrastando com os estratos de rocha calcária que terminam aí em arribas pronunciadas, onde chegam a marcar desníveis próximos da centena de metros.

Na periferia interior da peneplanície erguem-se alterosos montes-ilha, formas de relevo residuais desgarradas da superfície de escarpa que lhes fica próxima, e que se formaram mercê do seu recuo gradual.

A peneplanície litorânea é bastante recortada por linhas de água secas, que apenas transportam caudais quando sobrevêm fortes e prolongadas chuvadas, principalmente no rigor da época chuvosa.

O rio N'Gunza ou simplesmente Cambongo, apenas deu origem a reduzidas ou mesmo insignificantes orlas de aluviões, em virtude de, quase até à foz, circular através de plataformas de calcários duros que retalharam profundamente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL

DINÂMICA GEOMORFOLÓGICA DA CIDADE DO SUMBE APLICADA À AGRICULTURA FAMILIAR AO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Autores:

Lic. Israel Freitas Nongando Domingos / e-mail: nongando@gmail.com / fd_1893@yahoo.com

Instituto Superior do Kuanza Sul – Angola

McS Kinanga M'bunga Pedro / e-mail: kinangambunga@yahoo.com.br

Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto. Luanda – Angola

RESUMO:

A geomorfologia tem se desenvolvido gradativamente enfatizando aspectos que anteriormente recebiam atenção limitada o que provocou uma expansão no campo das aplicações. Estas aplicações devem-se a vários factores, porém importa aqui ressaltar o recente crescimento da geomorfologia ambiental no contexto socioeconómico e político do mundo actual, uma vez que milhões de pessoas vivem próximas ao nível mínimo de subsistência e o seu número cresce rapidamente.

Razão pela qual necessita-se do conhecimento geomorfológico para viabilizar projectos que visem o desenvolvimento económico, objectivando uma utilização optimizada e equilibrada do ambiente natural. O conhecimento geomorfológico surge, nessa óptica, como instrumento utilizado e inserido na execução de diversas categorias sectoriais do planeamento (uso do solo rural e urbano, obras de engenharia, pesquisas de recursos minerais e recuperação de áreas degradadas, além da classificação de terrenos).

Procurou-se realizar um trabalho de geomorfologia que mostrasse tanto a participação do homem na evolução dos processos geomorfológicos como as possibilidades da geomorfologia contribuir para a resolução dos problemas ocasionados pela alteração antrópica.

A análise integrada dos componentes físicos permitiu uma tentativa de compartimentação e estruturação da paisagem como subsídio ao ordenamento territorial. A compartimentação morfológica apresentada, associada às formações superficiais, mostra que os padrões paisagísticos formam unidades espaciais em que o arranjo e a combinação de seus factores e elementos encontram-se em níveis diferentes de evolução, uso e ocupação.

A morfologia caracterizada pelo georrelevo, aliada aos demais padrões que compõem a paisagem, identifica que o processo de ocupação deu-se aliado às potencialidades proporcionadas pelos compartimentos, representando custos menores para sua implantação.

PALAVRAS-CHAVES:

Geomorfologia, relevo, uso e ocupação, ordenação e planeamento

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como proposta desenvolver um estudo integrado da paisagem com vista ao processo de ordenamento territorial da cidade do Sumbe, visando optimizar o uso e ocupação da referida área.

Essa proposta justifica-se num primeiro momento, em razão da inexistência de trabalhos científicos dessa índole, enquadrando-a na modalidade de pesquisa aplicada. Num segundo momento, pelo facto de explicitar a necessidade de pesquisa que surja com elementos actuais analisados à luz de uma contextualização fundamentada historicamente.

Nesse sentido urge investigar o uso e ocupação da paisagem com o intuito de compreender os diversos impactos ambientais causados na apropriação do relevo.

Actualmente o homem depara-se com graves problemas de ocupação e uso do solo, o espírito que possui fá-lo interactuar constantemente com o meio geográfico, modificando-o de forma a satisfazer os seus anseios. Para que esta interacção se desenvolva de maneira harmoniosa, é necessário que o homem conheça as leis mais gerais que regem a natureza e o desenvolvimento da sociedade.

A edificação de uma cidade e o seu crescimento deve ser efectuada através de estudos permanentes desde os aspectos climáticos, topográficos, organização construtiva e acessórios, saneamento, etc., Portanto, as condições em que se encontra o meio ambiente definem a qualidade de vida e, por conseguinte, a longevidade de uma sociedade.

É preciso que as sociedades estejam educadas sobre a melhor forma de ocupação e uso do solo que garanta segurança não só para o homem que usa e ocupa o solo, como também que garanta um equilíbrio natural.

De maneira geral procuraremos definir os seguintes aspectos:

  1. O quadro regional;
  2. Análise morfodinâmica;
  3. Estudo dos processos actuais para buscar a relação morfogénese – pedogénese – ordenação;
  4. Estabelecimento do grau de estabilidade morfodinâmica das unidades de paisagem;

    A partir desses procedimentos será possível correlacionar a ocupação, dinâmica da paisagem e degradação ambiental.

    MATERIAIS E MÉTODO:

    A proposta metodológica utilizada no presente trabalho, TRICART (1977) "Ecodinâmica" e ROSS (1994) "Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados", apresenta-se como alternativa ao planeamento agrícola, em conjunto com propostas já consagradas no meio agronómico como as de aptidão agrícola, capacidade de uso da terra e outras.

    Para a geração do modelo digital de terreno da cidade do Sumbe foram utilizadas as cartas topográficas do IGCA como fonte de informação altimétrica á escala 1/100000 de 1998.

    As cartas foram scaneadas e digitalizadas, e as informações de elevações extraídas para confecção da malha e dos perfis. A digitalização das cartas foi feita no computador, as cartas foram georreferenciadas e utilizadas as cotas que uma vez digitalizadas foram transformadas em uma tabela com atributos X, Y, Z.

    Os elementos altimétricos, curvas de nível com equidistância de 50 metros e pontos cotados, foram convertidos do formato *.srf para o formato grd no programa Surfer8 for Windows. Em seguida, foi gerada, uma grade (malha) com resolução espacial de 250 metros, pelo método de interpolação "krigagem" (kriging), foi possível processar o mapa hipsométrico, com intervalos altimétricos de 20 metros (Barra de cores) em modelo tridimensional, os quais evidenciaram o relevo de planície de inundação do rio Cambongo e o relevo acidental da região.


     

    DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

    Foi gerado para toda a região da cidade do Sumbe um MDT (modelo digital de terreno) integrado da topografia mostrando os principais elementos de relevo nesta região.


    De uma forma geral a região em estudo apresenta uma variação altimétrica, em relação ao nível médio das águas do mar, numa amplitude de 0 – 289m, predominando a curva de nível de cota 200m. O relevo em si apresenta um andamento longitudinal, isto é, no sentido do meridiano, e curvilíneo o qual é recortado por numerosos vales de origem pluvial. É possível aqui observar as várias linhas d´água que recortam o relevo em sentido transversal ao do relevo, o que demonstra a actividade erosiva das águas pluviais assim como a resistência do material litológico nessa região, como resultado da distribuição espacial dos aluviões e sedimentos argilo-arenosos que datam sensivelmente do Antropozóico e Mesozóico.


     

    FORMAS DE RELEVO:

    Com base no MDT da área do Sumbe, foi possível cartografar modelados de aplainamento, dissecação e acumulação nas quais estão representadas as principais formas de relevo.

    O Modelado de Aplainamento é um relevo suave, com pouco ou nenhum entalhamento fluvial e compreende quatro compartimentos menores:

  5. Topos Planos: Estão localizados na parte leste da cidade do Sumbe, em cotas de 270m, são planos ou com declividades de 2% a 30%. Os limites com os rebordos erosivos são nítidos, com rupturas de pendência entre os topos planos e os rebordos erosivos (declividades de 10-25%). A formação superficial é de natureza laterítica.
  6. Topos Convexos: Aparecem de forma esporádica e têm representação muito reduzida, a mais pronunciada se encontra em cotas de cerca de 200m.
  7. Rebordos Erosivos: Trata-se de pequenos segmentos de encostas, rectilíneos ou convexos, com extensão de 20 a 100 metros em planta, e declividades de 5% a 25%.
  8. Rampas: Ocorrem em altitudes de 140m -160m em uma faixa com largura da ordem de 300 a 600m. Sua morfologia é mais variada, podendo apresentar perfil rectilíneo, convexo ou convexo - côncavo. As declividades geralmente estão compreendidas no intervalo entre 15% e 20% mas, em alguns locais, podem atingir 40%. Os limites superiores, com os rebordos erosivos, são nítidos e se fazem por uma ruptura de declive, uma vez que nos Rebordos Erosivos as declividades são de 5% a 15%.

    O Modelado de Dissecação é um relevo movimentado. Compreende cinco subdivisões:

  9. Escarpa Erosiva, em altitudes de 1.100-1.120m, com declividades de 20 a >30%; Vertentes Superiores (ou Vertentes a Montante), em altitudes de 1.060-1.100m com declividades de 20 a 30%;
  10. Incisões erosivas, São feições erosivas estreitas e alongadas com profundidade variável, observa-se que elas ocorrem em todos os compartimentos, inclusive nos topos planos. Observa-se também que, embora todos os compartimentos sejam afectados o tamanho das erosões é maior nas baixas vertentes, diminuindo nas rampas, rebordos erosivos e topos planos.

    O Modelado de Acumulação é representado por Planícies Fluviais, caracterizadas pela presença dos Depósitos Aluvionais e que se estendem até ao fundo do vale do rio Cambongo em altitudes de 10m.




     


     

    PERFÍS TOPOGRÁFICOS:

    Perfil é a representação cartográfica de uma secção vertical da superfície terrestre. Para este trabalho traçou-se três perfis na direcção W – E no software Surfer8. Estes perfis foram traçados no sentido que interceptam perpendicularmente as estruturas para uma melhor representação das características geomorfológicas desta região.



    Perfil A fatiamento Y = 8833000 m


    Perfil B fatiamento Y = 8830000


     


    Perfil C fatiamento Y = 8826000

    A ocorrência de chuvas torrenciais ocasiona graves problemas, principalmente a degradação dos solos que é agravada quando as actividades agrícolas são feitas em solos mais frágeis, de maior erodibilidade e com baixa aptidão agrícola. Acrescenta-se ainda, o manejo dos solos e o uso de técnicas inadequadas como agravante para a sustentabilidade ambiental.

    Um outro aspecto diz respeito à compactação em subsuperfície. Essa compactação foi identificada pela observação de raízes de ervas daninhas que se apresentavam tortas, indicando esforço para romper a camada adensada. Em pastagem, também foi evidenciado tal processo, causado pelo pisoteio do gado, contudo em profundidade menor. Essa alteração física do solo diminui a porosidade e, por conseguinte, diminui a infiltração, reduzindo a capacidade de armazenamento de água do solo. Por outro lado, aumenta o escoamento superficial, desencadeando processos erosivos.

    O relevo, de modo geral, encontra-se bastante dissecado pela drenagem, grosso modo, a tendência nesse caso é o predomínio do escorrimento superficial, as expensas de uma menor infiltração.

    O relevo nessa área apresenta uma sequência típica, topos planos (baixa declividade e solo relativamente profundo), segmento de vertentes rectilíneas (alta declividade e solo incipiente), por fim, uma ruptura de declive em forma de patamar (declividade média e solo profundo com horizonte Bt). O não entendimento da dinâmica dessas formas de relevo é que causa forte degradação dos solos.

    Dessa forma, ao se utilizar os topos planos com pastagem e agricultura, por exemplo, ocorre mudança hidrológica na vertente com tendência ao escoamento superficial concentrado para as partes mais baixas do relevo, passando pelas vertentes rectilíneas e pelos patamares.

    Se as águas não forem controladas nos topos e a vegetação das vertentes rectilíneas não for preservada, tem-se uma degradação também dos patamares por erosão laminar, em sulco e por soterramento, perdendo-se significativas áreas. Esse processo ocorre também nos sectores de vertentes côncavas, quando há alteração hidrológica nos topos aplanados.

    Assim, a agricultura familiar, além de sofre as consequências do famoso "tripé", compra mal seus insumos, produz mal e acaba vendendo mal seus excedentes, ocupa geralmente os piores solos (com baixa aptidão agrícola), o que dificulta ainda mais a manutenção da família.

    Assim o planeamento agrícola enfocando principalmente as características e a dinâmica do relevo (vertentes) por meio de unidades de fragilidade, é uma forma de se conhecer a dinâmica do meio físico de forma sistémica e que complementado pelos aspectos socioeconómicos, permite a integração dos estudos da relação sociedade e natureza.

    Nas áreas urbanizadas o processo de ocupação do relevo é bastante diferenciado, dependendo do seu valor económico. Assim evidenciam-se os contrastes entre os bairros urbanos e bairros suburbanos, a ocupação de áreas estáveis ou permissíveis para uso e, ao mesmo tempo, ocupação de áreas de risco (fundos de vale ou vertentes com declives acentuados)

    Como se pode ver o conhecimento da organização dos compartimentos morfológicos seja como recurso ou suporte revela-se de fundamental importância para uma orientação racional e segura das actividades urbanas e agrícolas.


     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS:

    A integração de dados altimétricos para a geração de MDT's é uma poderosa ferramenta na caracterização morfológica de uma dada região, no caso do Sumbe buscou-se ter uma visão sinóptica do modelo geométrico do relevo e observou-se que ela está influenciada fortemente pela litologia e pelo rio que desagua nesta zona.

    A foz do rio Cambongo com extensa área e baixa declividade, variando poucos metros em dezenas de quilómetros evidencia o impacto da quebra de velocidade do Rio que antes confinado em canais estreitos contrasta com a grande área de escape na foz.

    Observando e analisando o comportamento geral do relevo da cidade do Sumbe depreende-se que a configuração actual que apresenta está relacionada com os movimentos tectónicos que a superfície experimentou durante a última orogenia há cerca de 500 Ma para que atingisse a estabilidade tectónica. Além disso, ela está relacionada com o desenvolvimento da Grande Bacia Sedimentar do Cuanza que se acha vinculada com a abertura da dorsal do Atlântico Sul onde actualmente existe um geossinclinal.

    Independentemente de na conjuntura do território nacional a cidade do Sumbe ser considerada uma peneplanície costeira, ela também subdivide-se em outras superfícies elevadas que geomorfologicamente se apresentam bem diferenciadas:

  11. Uma zona costeira rebaixada e dissecada em planície fluvio-aluvial que ainda conserva as marcas da sedimentação;
  12. Uma zona interior elevada bastante erosionada que exterioriza a influência da pediplanação com os testemunhos residuais;

    As transformações no relevo, devido ao grande processo de apropriação, acabam afectando a sociedade como um todo, já que as perdas naturais são grandes, ocasionando até mesmo prejuízos para o sistema de produção de base capitalista. Essas transformações, de modo geral, acabam muitas vezes atingindo aqueles que habitam as áreas de risco com enchentes (agravadas pela impermeabilização do solo) e até mesmo com retirada de massa causada pelo fluxo por terra.

    Também nas áreas rurais os problemas ambientais decorrentes da ocupação do relevo são gravíssimos, principalmente pelo uso como recurso, que ocasiona perdas irreparáveis e até mesmo irreversíveis para a sociedade como um todo. Dentre esses problemas destacam-se os processos erosivos lineares (boçorocas e ravinas) e laminares. Tais formas de erosão acabam por afectar propriedades, deixando-as improdutivas.

    Dessa forma, tanto na cidade quanto no campo o relevo implica acréscimo do fluxo por terra, determinado pela impermeabilização e compactação das superfícies, o que de certa forma acaba agravando mais as condições ambientais.

    A partir dos aspectos analisados torna-se possível apresentar algumas recomendações, de carácter geomorfológico, específicas de uso e ocupação das diferentes unidades e subunidades morfológicas, fundamentadas principalmente no grau de vulnerabilidade demonstrado pelo relevo:

  • A unidade morfológica denominada zona urbana (habitada), é a área mais plana e contínua e com menor possibilidade erosiva;
  • O planalto oriental corresponde à áreas de topos planos e largos e vales muito espaçados entre si, com muita ramificação de drenagem, vertentes com altas declividades. Próximo aos canais fluviais há uma massa significante de solo hidromórfico.
  • Os sinais de erosão acelerada (ravinas e boçorocas) ocorrem com uma frequência muito baixa, porém são mais intensos em alguns locais onde o solo hidromórfico apresenta sinais de ruptura de estabilidade, constatada pelo fendilhamento profundo e ressecamento.
  • Um outro elemento comum, nesse sector, é as microformas de relevo, ou seja, pequenas elevações que ocorrem na periferia das planícies ou em depressões aos níveis do topo de encosta, possivelmente relacionadas à evolução morfogenética das planícies aluviais no quaternário. Essas formas são as mais apropriadas para a progressão das actividades agrícolas, pois têm insipiência erosiva em função do baixo gradiente.
  • Para fins de um planeamento mais adequado há necessidade de se implantar carta de risco, no intuito de se fazer uma zonificação urbana, definindo medidas preventivas para as áreas não utilizadas e correctivas para os locais de densidade populacional, já que a área urbana se concentra quase toda nessa subunidade.

    O preço pago pela falta de um planeamento adequado tem sido muito alto, tanto pela população quanto pelo poder administrativo, pois, além de desastres ecológicos, as consequências implicam, muitas vezes, perdas de vidas humanas e de património.

Do erro à Perfeição

Ninguém nasce ensinado ou letrado; ao nascer somos todos ignorantes,
Inconstantes e inseguros, ociosos e cretinos; vaidosos e imaturos, orgulhosos e libertinos.
Mas a medida que vamos crescendo, vai-se formando dentro de nós, o carácter e a espiritualidade, até atingimos a maturidade.
Mas enquanto este dia não chega, o homem pela vida vai andando,
E a medida que vai envelhecendo, o erro caminha do seu lado,
Para depois sofrer um tempo de castigo e de condenação,
Por não ter sido ensinado, num mundo onde vigora a ilusão,
Onde as vezes um amigo com duas caras e um só coração,
Não nos mostra o que estamos fazendo, para se rir depois no fim;
Já estamos amadurecendo, como o vinho dentro da adega,
Porque o homem é mesmo assim, só errando chega um dia a perfeição.